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Blockchain contra corrupção? Web3 irá vingar? Entrevistamos o especialista André Ferreira

blockchain contra corrupção

O desenvolvedor, empresário e professor André Ferreira, tem mais de 15 anos de carreira no mercado de TI. Ele também fundou e foi CEO do site “Vigia de Preço”, vendido em 2021, por aproximadamente R$7,5 milhões para a Mosaico S.A (dona do Buscapé e Zoom).

Além de ter criado empresas de sucesso, André também trabalhou em empresas gigantes, como a própria Microsoft (Inovation Center) e Global B2C (Atual PicPay). Atualmente ele é CEO da Uzmi Games e da Uzmi Network (Empresa de serviços Web3), ao lado do influenciador Douglas Mesquita (Rato Borrachudo).

André Ferreira já participou do Flow Podcast, falando sobre desenvolvimento de games.

Com seu extenso currículo de sucesso, convidamos o especialista em Web3 e outras tecnologias, para opinar sobre questões importantes. Blockchain contra corrupção? Veja a opinião de um especialista.

Impacto da Web3 na vida do cidadão ”comum”

Sempre que uma grande inovação está prestes a acontecer, uma das primeiras questões a serem levantadas é sobre o impacto de tais tecnologias no cotidiano dos cidadãos, que não estão totalmente ”ligados” em tais mudanças. André acredita que tais mudanças darão mais liberdade aos mesmos, sendo algo intuitivamente falando, semelhante a Web que usamos hoje, porém, com mais benefícios.

”É um processo longo, mas pro usuário comum vai ficar praticamente transparente, ele não vai perceber diferença de estar navegando na Web3 ou na Web que a gente tem hoje. Tudo está caminhando para ser cada vez mais simples, mais próximo do que o que a gente já tem atualmente”. Afirmou André Ferreira.

A liberdade e a segurança são os pontos mais fortes da Web3, na visão de André. Ele exemplifica isto com acontecimentos atuais, onde sites são derrubados constantemente, deixando a ideia de liberdade de expressão totalmente de lado.

”Quando o Tim Berners-Lee criou a internet, o conceito era que qualquer pessoa no mundo poderia ser um servidor e os softwares que estão sendo desenvolvidos em cima do conceito de Web3 são justamente para que qualquer pessoa possa fazer parte dessa rede, não necessariamente hospedado um site inteiro, mas hospedando um arquivo, ou sendo um node de validação. Na prática, essa descentralização fica abstrata para o usuário final, mas quem trabalha em cima desse ecossistema vai ter a segurança de que nenhum governo vai chegar e desligar o seu site”.

Ele também citou os problemas das redes sociais, onde contas são derrubadas por ações judiciais e afins, constantemente. Estes problemas poderão finalmente ganhar uma solução, com uma descentralização, segundo ele.

”E eu acredito que também vão começar a surgir alternativas de mensageria e de redes sociais descentralizadas. Hoje, se você utiliza o Twitter, um Ministro do Supremo pode ir lá e mandar tirar do ar o seu Twitter, porque ele considerou que é fake news. Se você tiver um serviço descentralizado, não existe essa possibilidade, não tem como simplesmente um juiz chegar lá e mandar tirar o acesso, talvez pudessem tirar o domínio .com.br do ar, mas ainda teriam outras formas de conseguir acessar esse site. Acredito que no futuro tenha algum tipo de DNS para soluções descentralizadas, que não pode ser bloqueado por nenhuma entidade”. Afirmou André Ferreira.

Big Techs serão um problema?

Empresas gigantes, como a Meta, necessitam dos dados de usuários para se manterem ”vivas”. Tais informações são vendidas para anunciantes, se tornando assim, uma grande fonte de renda para as Big Techs.

André acredita que haverá um grande conflito de tais empresas, com a descentralização das informações.

”As Big Techs sobrevivem de informação e, a partir do momento que você descentraliza um serviço, essa informação não fica mais em posse de quem fez aquele sistema. Tem muita gente vendendo essa falácia, falando que está descentralizando serviços, que está usando blockchain, mas, como eu venho falando nos meus vídeos, blockchain não é sinônimo de descentralização. Então eu acredito que as Big Techs podem caminhar para Web3, mas com aplicações centralizadas, com blockchains e Criptos próprias, porque se perderem o controle dos usuários, eles não conseguirão ganhar dinheiro. Quando o Facebook cria a Meta, o que ele que passar é que “o metaverso de verdade é o meu metaverso”. 

A ideia de metaverso também foi citada. Ele acredita que o metaverso que realmente trará um engajamento relevante, não será propriamente criado pela Meta.

”Quando o Facebook cria a Meta, o que ele que passar é que “o metaverso de verdade é o meu metaverso”. E aí a gente vê outras soluções que são de fato descentralizadas, utilizando algum ecossistema já existente, baseada numa Solana, num Ethereum, que são muito mais “metaversus” do que uma solução que venha de uma Big Tech. Acredito que o metaverso que realmente vai ter engajamento das pessoas não vai partir de uma instituição dessas. Esse conflito de interesses sempre vai acontecer, eu até fiz um post falando sobre o fim do retargeting e o início do metaverso.

André também falou sobre as soluções que a Meta encontraria, para continuar lucrando com as propagandas, visto que sem elas, a existência da mesma seria colocada em risco.

”O metaverso seria uma “zona cinzenta” nas legislações mundiais, porque até para onde você olha no metaverso dá informação para essas empresas, do que você gosta, do que você assiste e tal. O Facebook não é “bonzinho”, ele vai procurar alternativas para sua subsistência, que é baseada em propagandas. Como é que isso vai evoluir, eu não tenho a mínima ideia, mas eu não consigo ver essas empresas se adaptando ao universo Cripto, porque, além de muita pressão, as Big Techs recebem muitos incentivos do governo também”.

O desenvolvedor também acredita que as Big Techs irão ”driblar” a descentralização, vendendo assim, uma ideia destorcida da real tecnologia que usarão de fato.

”…E aí vão vender para o público em geral uma mentira de descentralização que, na prática, não tem nada de descentralizado, é só uma blockchain centralizada, assim como tem vários projetos aqui no Brasil que estão fazendo isso, vendendo a imagem de descentralização, mas que de descentralizados não tem nada”.

Cidadão comum irá aprender os conceitos da nova Web?

Um dos maiores empecilhos da Web3 é a migração dos novos usuários, não tão centrados em tais conceitos. O entrevistado falou sobre as possibilidades para acelerar tal processo, citando as exchanges como exemplo.

”Seria legal se a gente conseguisse chegar num sistema que, através de um único software, pudesse interagir com várias redes. Eu acredito que o sucesso das Exchanges vem disso, um software único em que consegue fazer praticamente tudo. Por mais que isso não seja o recomendado, eu acredito que o cidadão comum vá optar por terceirizar essa custódia, assim como é feito no caso dos bancos e quem vai acabar assumindo essa responsabilidade são as Exchanges. É um percentual muito pequeno dos usuários de Cripto que realmente tem sua própria cold wallet, o ser humano tem muito desse problema de UX [User Experience], ele quer terceirizar a responsabilidade porque, se der algum problema, ele vai lá e processa a Exchange”.

A terceirização de serviços, como faz as próprias exchanges, é extremamente criticada por especialistas do meio, visto que coloca de lado o conceito de descentralização de tais serviços. Porém, tais serviços são responsáveis pela grande adoção de criptomoedas nos últimos 5 anos, pois simplificam a compra e venda das mesmas.

Dois conceitos da Web3 que irão encantar as pessoas

Também pedimos para que André citasse dois conceitos da nova Web, que poderia encantar as pessoas, mesmo que as tais não tivessem um conhecimento prévio do assunto. Ele falou primeiramente, sobre a não necessidade de um intermediário.

”O primeiro e fundamental conceito que me atraiu na Web3, é o Bitcoin, principalmente quando você vai ler o conceito originário do Bitcoin, de não ter nenhum intermediário, de ser uma moeda mundial, que não é controlada por um governo, que ninguém pode te tirar. Isso, eu acho, é o que me chamou atenção para esse universo. O Bitcoin, para mim, é uma das maiores revoluções que a gente teve nos últimos 20 anos. Tecnicamente ele é muito bom, há um código muito bem feito, uma gama de conhecimentos reunidos, é uma façanha da engenharia. Mas principalmente o conceito de liberdade que isso traz, porque a população não entende que o dinheiro no banco não é dela, aquele dinheiro pertence ao banco e o banco tem uma dívida com a pessoa e ele controla isso. No Bitcoin e nas criptomoedas, de uma maneira geral, não tem isso: não tem ninguém que vá te importunar, não tem ninguém que vá te falar que você não pode transferir o valor, você pode transferir a qualquer dia, qualquer hora e ninguém vai te perturbar, ninguém vai te perguntar nada, e isso é maravilhoso”. Afirmou o desenvolvedor. 

O segundo grande ponto citado por André, foi o fato da ausência de poder estatal, que irá impedir, como citado anteriormente pelo mesmo, que o governo tome providências descabidas contra a liberdade das pessoas que usam a internet.

”A segunda coisa que eu gosto muito nesse conceito, parece um pouco “anarcocapitalista” esse negócio, mas eu não gosto de interferência Estatal direta nada. Eu não sei por que o governo quer entrar no meio das discussões sendo que ele não tem conhecimento para tanto. Então, quando eu vejo que a internet se popularizou num nível em que Ministros do Supremo estão tomando decisões arbitrárias, isso me preocupa muito, a politização da internet e esse movimento que a internet está tomando, de ter órgãos reguladores, é um negócio absurdo. A descentralização da internet me chama bastante atenção, no sentido de ter sistemas e plataformas 100% descentralizados e que nenhum governo no mundo vai poder bloquear o perfil de alguém ou mandar apagar uma postagem. Isso me dá esperança da internet voltar à sua essência dos anos 90, quando a gente tinha liberdade para poder trafegar nela sem ter nenhum tipo de interferência”.

Ele ainda citou o conceito inicial da internet, que nasceu para ser livre, mas que tem se tornado cada vez mais fechada, por conta da interferência de governos.

Blockchain contra corrupção?

Já entrando no assunto Blockchain, André não acredita que a tecnologia trará o fim da corrupção. Ele supõe que os corruptos irão encontrar um novo meio de desviar dinheiro, sendo assim, um problema que vai além da tecnologia.

”Eu brinco que a corrupção nasceu no mesmo dia que nasceu o dinheiro. Eu não acredito que isso vá acabar com a corrupção, acho que vai mudar a forma como os corruptos vão tramitar o dinheiro, eles vão se adaptar. Quem quer fazer merda, vai fazer merda, seja em Real, seja em dólar, seja em criptomoeda. A corrupção vai se adaptar, nada vai mudar, porque a corrupção envolve o relacionamento, o dinheiro no final é só o pagamento por uma benécia. Na prática, se o cara recebe em Cripto ou recebe em Real, não faz tanta diferença. Assim como tem muita coisa honesta sendo feito o universo Cripto, também vai ter muita gente lavando dinheiro e pagando propina via Cripto. Eu não eu não consigo ver Cripto como uma arma para poder dificultar a corrupção, honestamente. Cripto é uma forma de pagamento, é uma forma de não ter o controle Estatal. Mas o que vai ser feito com o uso dessa ferramenta? O mesmo que é feito hoje em dólar. Você vai poder comprar drogas, armas, pagar propina, não consigo ver nenhuma diferença”. Afirmou André.

Bitcoin poderá substituir o dólar?

Segundo Ruchir Sharma, o dólar pode estar chegando no fim de seu ciclo e segundo o especialista, esta é a oportunidade perfeita para o Bitcoin entrar como substituto. Ao perguntarmos sobre a afirmação de Ruchir, André não concordou com tal opinião, acrescentando que o Bitcoin ainda terá um grande caminho pela frente, até chegar em tal patamar.

”Também acho que o dólar está chegando num fim de ciclo, está muito instável, os americanos estão começando a ver os reflexos de imprimir dólares em massa na pandemia, mas eu não acredito que o Bitcoin vá ser o sucessor do dólar porque atualmente a adesão ainda é pequena. Se a gente for comparar o tráfego financeiro em todas as redes de criptomoedas como os mercados tradicionais, você vai ver que ainda é bem pequena a quantidade de dinheiro que trafega dentro das Criptos. Ainda vai ter uma maturação aí, talvez o Bitcoin possa vir no próximo ciclo e, durante esse tempo, ele vai se popularizando. Acho que o Bitcoin é uma possibilidade no futuro, quanto mais adesão tiver, maior a possibilidade disso acontecer. Mas hoje ainda tem alguns problemas, a aceitação do Bitcoin é muito deficitária, você não consegue comprar um pãozinho na padaria com Bitcoin. Se você for a El Salvador você ainda consegue comprar, mas aqui não. O governo teve que obrigar a população a aceitar Bitcoin lá, eles fizeram uma Layer2 para poder fazer os trâmites como se fosse o Pix. Acho que a gente tem uma longa trajetória pela frente, não vai ser agora que o Bitcoin vai ascender e substituir o dólar”.

Ele ainda acrescentou que a moeda Chinesa, Yuan, poderia ser a substituta, mas também citou problemas que impediriam uma adoção global da moeda. Problemas envolvendo a forma como a China lida com o restante do mundo, seria um grande obstáculo, por exemplo.

”Se eu for dar um chute, e vai ter um monte de gente tacando pedra no que eu vou falar, mas talvez a moeda que faça certo sentido, seja a moeda da China, mas eu não vejo possibilidade real disso acontecer, porque, para ser uma moeda mundial, precisa ter a economia aberta e a China não tem. E por que eu acho que a moeda chinesa, o Yuan, seja uma moeda que substituiria o dólar? Por que o mundo inteiro depende da China. Na pandemia a China parou de mandar produtos pro mundo inteiro e a gente viu os impactos, de empresas e indústrias fechando. A China sabe o poder que tem, mas também sabe que não é tão simples assim fazer os países aceitaram essa moeda e como o Yuan só circula praticamente na China, não tem uma forma muito clara de você poder comprar, tanto que qualquer compra que você faça em Hong Kong, é tudo em dólar. E não sei se há interesse da China em ser a moeda mundial também, tem vários problemas no meio do caminho”.

André Ferreira também acredita que o Dólar deverá se manter por um certo tempo, antes de chegar de fato, ao fim de seu ciclo. O mesmo também não acredita que exista uma moeda totalmente pronta para assumir o posto e que a moeda Norte Americana se manterá temporariamente, mesmo com todos os problemas.

 

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José Messias

José Messias

Criador e idealizador da Eicripto.com, gestor financeiro, com experiência em bolsa de valores e criptomoedas.

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